segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dog meat

Algumas pessoas me perguntaram se eu comi carne de cachorro, na China. E quase como uma consequência natural do assunto, depois dessa pergunta, vem uma série de brincadeiras a respeito dos hábitos alimentares chineses, fazendo parecer que, para nós do ocidente, essa comida varia entre um “absurdo” ou uma “nova experiência”.

Num passado não muito distante, mais de 40 milhões de chineses morreram de fome; comer carne ou qualquer coisa era um privilégio, ou uma questão de vida ou morte.

Possivelmente, por essa e por outras passagens históricas, o ato de comer seja tão reverenciado na China; e talvez, por isso, uma das saudações mais comuns seja:

“você já comeu hoje?”

Quem pergunta não quer saber realmente se você comeu, a pergunta significa “tudo bem com você?”

Um estrangeiro não conseguirá localizar, com facilidade, um restaurante onde se pode demandar cachorro, o que não significa que não haja.

Em geral, só se come carne de cachorro entre amigos, em restaurantes antigos das ruelas remanescentes. A propósito, amigos próximos chamam um ao outro pelo nome seguido da expressão “gou ròu” (carne de cachorro em mandarim); isso significa que são tão amigos que comem dog meat juntos.

No passado, comer essa carne foi uma necessidade, com o tempo passou a ser tradição. E assim o chinês, como qualquer outro ser humano, elegeu aqueles animais que podem ser mortos para saciarem o desejo dos seus comparsas.

Se for inaceitável comer carne de cachorro, também o é comer carne de qualquer animal.

Food for thought.


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