quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Frases a serem completadas

É realmente curioso sentir uma ponta de insegurança e receio de prováveis ridicularizações quando tenho vontade de postar algo mais ligado ao espírito. É como se isso me associasse de imediato a padrões de conhecimento inferiores.

Há quem suspeite de autoajuda, quem a menospreze e a julgue inferior. Já fui um desses suspeitos. Como se a distância desse gênero tivesse o condão de me transformar numa espectadora mais instruída e me dissociasse do depreciativo senso comum.


De uns tempos para cá, entretanto, acredito ter ultrapassado essa barreira. Em outras palavras e em termos práticos, quero que todas as técnicas e todos os tipos de fé funcionem a todo vapor. 

Foi acreditando nisso que decidi transcrever, da página da escritora Elizabeth Gilbert, as frases (a serem completadas), da Sarah Trimmer, uma mulher que teve um câncer severo e conseguiu, de uma forma simples, trazer para o seu cotidiano mais positividade, que coincidência ou não, trouxe mais qualidade de vida.

Hoje sou grata por/pela… minha vizinha, que ficou com a minha filha por uma hora, para que eu pudesse tomar um café e ler tranquilamente.

Hoje ajudei a… uma amiga, que não tinha tempo nem cabeça para desmarcar um compromisso pré-agendado, desmarcando pessoalmente o compromisso dela. 

Hoje aprendi que… só devo pronunciar o que quero que aconteça, pois todos os seres têm ouvidos e eles agem, em geral, rapidamente.

Amanhã vou... fazer outra coisa que me tire da zona de conforto, como esse post. 

E você, como completará essas frases?

Ah, não vai me dizer que você também teme ser ridícula?

Hoje também aprendi que quem não puder ser ridícula, não pode ser livre!




terça-feira, 15 de novembro de 2016

Quem sou eu para...?

Quem sou eu para achar que posso escrever um blog? Quem sou eu para fazer algo, que desperte nas pessoas ou em mim mesma, a vontade de continuar? 

Você já se fez essas perguntas?

Quando me faço essas perguntas, sinto como se eu fosse inadequada para tentar algo, que nunca fiz antes. 

"Ah, se você nunca fez isso antes, é porque não tem o talento para isso. Como você pode querer ser boa nisso?", pergunta a voz mental.

Como se a Terra fosse dividida entre os seres afortunados, que já nasceram fazendo algo incrível, e nós mortais, que gostaríamos de tentar algo novo, mas que despertamos um pouco tarde (ou tarde demais) para desenvolvermos uma nova habilidade.

Às vezes, aguardamos um diploma, ou a publicação de um livro, ou que alguém nos dê legitimidade, para começar algo novo, acreditando que isso vai nos garantir segurança. 

Não vai, não. O carcereiro mental vai sempre tentar nos convencer de que as condições ainda não são adequadas (e nunca serão). A questão é trabalhar a nossa capacidade de persistir nos nossos sonhos.

Refletindo sobre isso, eu me dei conta de que estou formulando a pergunta errada.

Provavelmente, as perguntas a serem feitas são as seguintes:

Quem sou eu (quem é você) para não sonhar e realizar? Quem sou eu para me submeter à prisão do meu próprio medo e não tentar?

No quebra-cabeça do mundo, somos únicos, igualmente a todos os outros. Como deixar faltar a nossa peça?

Então, a pergunta remanescente é:

Está esperando o quê? 




sábado, 12 de novembro de 2016

Porque as coisas não são como deveriam ser

Há um tempo, quando eu tinha uns trinta e cinco anos, diante das dificuldades de conhecer alguém, para compartilhar a vida juntos, decidi que gostaria de ser uma solteirona feliz. 

Porque estar com alguém só para dizer que tem alguém nunca fez o meu estilo. Além disso, naquela época, eu já havia aprendido a gostar da minha companhia. 

Foi um ano especial. As coisas pareciam ser como deveriam. Viajei bastante. Sozinha e, às vezes, com amigas. Assisti a inúmeros filmes. Sozinha e, às vezes, com amigas. Li desenfreadamente. Ficção, não-ficção, poesia e, às vezes, autoajuda. Escrevi diários e mais diários. Fiz cursos de quase tudo. Velas, feng shui, caixas decorativas, maquiagem, culinária etc. Foi um ano em que estive presente. 

Num jantar de família, cheguei a anunciar para a família que estava decidida a ser uma solterona feliz. Informei aos meus sobrinhos e sobrinhas que eles tinham a minha casa, para fazer tudo que eles não poderiam fazer na casa dos pais, desde comer com os cotovelos na mesa até levar os respectivos para noitadas românticas.

Ao ouvir a novidade, minha mãe pediu apenas que eu a poupasse dos detalhes, meu pai disse "Um-hum, você sempre foi exótica nas suas escolhas". Meu irmão assumiu que me invejava. Já a minha irmã riu que se engasgou. Tal engasgo tomou uma proporção maior do que o esperado e a minha decisão parece ter desafiado algum cupido desocupado, que espreitava a mesa.

Porque logo depois me apaixonei, de um jeito que não sei descrever. Quando digo logo depois, quero dizer poucos dias depois. Parecia um quebranto, cheguei a pensar que o rapaz havia amarrado meu nome da boca do sapo. Naqueles dias, quantas vezes eu me olhei no espelho e me perguntei:

- E quanto a nossa decisão?

Não houve qualquer resposta.

Então, foi justamente porque as coisas não são como deveriam ser que me casei. 

Aos 39 anos, ainda acreditando na garantia do livre arbítrio, decidi que não teria filhos. 

Bom, pela lógica da vida, você pode imaginar o que aconteceu aos 42 e 44. 

Desde então, tenho observado que, de direito, só posso escolher o meu humor, como interpreto o que acontece e como reajo às circunstâncias. Mas essa é uma história que vou contar em detalhes outro dia!

Obs: post - Gravidez aos 40: medo, informação, empoderamento